Michael Kiske, vocalista do Helloween, negou novamente o rumor de que teria sido convidado para substituir Bruce Dickinson no Iron Maiden. Desde a saída de Dickinson em 1992, muitos fãs de heavy metal especulavam que Kiske seria a escolha ideal para o posto, dada sua habilidade vocal. No entanto, a banda optou por Blaze Bayley, um vocalista de timbre barítono, bastante diferente da sonoridade de Dickinson, o que gerou reações divididas entre os fãs.
Em uma entrevista ao Made In Metal, Kiske abordou o tema e mencionou a relação que sua banda tinha com o Maiden na época. “Naquela época, o [Helloween] tinha o mesmo empresário do Iron Maiden. Estávamos com a Sanctuary Music, e o Rod Smallwood, naquela época, também gerenciava o Helloween. Então, havia essa conexão. Eu fui ao casamento do Rod Smallwood, e todos os caras do Iron Maiden estavam lá. Conheci o Bruce algumas vezes no escritório e conversamos. Assistimos a uma partida de tênis juntos nos anos 90, quando o Boris Becker estava jogando. Lembro-me disso. Estávamos no escritório e os dois assistindo tênis. Então, essa conexão existia. Mas nunca houve qualquer discussão ou conversa sobre isso.”
Ele também comentou sobre um rumor envolvendo Steve Harris, baixista e fundador do Maiden. “A única coisa que descobri muitos anos depois — e não posso dizer se é verdade — foi algo que um jornalista ou entrevistador me contou. Não lembro exatamente quem foi, mas acho que poderia ser um entrevistador francês. Ele disse que teve uma entrevista com o [baixista e fundador do Iron Maiden] Steve Harris sobre quem poderia substituir Bruce Dickinson quando ele deixou a banda e que eu estaria entre os três nomes da lista de Steve Harris. Não sei se isso é verdade, mas talvez seja daí que surgiu o boato.”
Kiske acredita que nunca houve uma consideração séria sobre sua entrada na banda, principalmente por questões culturais. “Nunca houve qualquer conversa, e não acho que tenha havido qualquer consideração séria, porque os britânicos são muito nacionalistas também. E só a ideia de um cantor alemão substituindo Bruce Dickinson no Iron Maiden… não acho que isso realmente funcionaria. Em teoria, isso pode ter sido algo na cabeça de Steve Harris, mas você teria que perguntar a ele. Não sei se é verdade. Só posso dizer que um entrevistador me contou que Steve Harris teria dito algo assim. Mas hoje em dia, você não pode acreditar em muitas coisas. Talvez seja daí que surgiu o rumor.”
Para Kiske, substituir vocalistas icônicos em bandas de renome internacional é um desafio complexo, que nem sempre funciona. “Eu não me interessaria pelo Iron Maiden sem o Bruce Dickinson, da mesma forma que não me interessei pelo Judas Priest sem o Rob Halford”, explicou. “Não posso evitar. Uma mudança de vocalista assim só funcionou para mim com o Van Halen, na verdade. Gosto tanto da fase do David Lee Roth quanto da do Sammy Hagar — talvez um pouco mais da primeira, porque é mais atemporal, enquanto a fase do Sammy Hagar soa um pouco mais anos 80. Mas ambas são ótimas e musicalmente empolgantes. E funcionou. E eu aproveito as duas fases.”
Os rumores sobre Kiske no Maiden surgiram até mesmo em programas de TV na Alemanha. “Eu até ouvi isso na TV. Na televisão alemã, em um programa de heavy metal, uma apresentadora muito bonita disse: ‘Bem, todos sabem que Michael Kiske é o novo vocalista do Iron Maiden.’ Mas eu não sabia disso.” Apesar da especulação, ele garante que não teria aceitado o convite, mesmo sendo um grande fã da banda. “Sou fã do Maiden, sempre fui. O Maiden, junto com o Judas Priest, foram minhas principais influências quando comecei a ouvir esse tipo de música. Mas entrar para uma banda como o Iron Maiden? Eu não recomendaria. Porque, vamos lá — não funciona, simplesmente não funciona. Foi uma boa decisão que o Bruce tenha voltado depois.”
Por fim, Kiske comentou sobre a fase do Iron Maiden com Blaze Bayley e sua reação ao álbum The X Factor (1995). “Não quero desrespeitar o Blaze, não o conheço, mas ele não era o Bruce Dickinson. Ouvi [o álbum The X Factor] com o [guitarrista] Adrian Smith no meu apartamento quando estávamos trabalhando no meu primeiro álbum solo (Instant Clarity). Não entendemos o que estávamos ouvindo. O espírito do álbum era muito estranho.” Bayley gravou dois álbuns com o Iron Maiden antes de Dickinson retornar, mas ambos tiveram vendas inferiores e um desempenho mais fraco nas paradas em comparação aos lançamentos anteriores da banda.
Assista a entrevista: