Leprous contagia com energia e leva o público ao palco em show na Vip Station, em São Paulo
14/03/2025 // Home  »  DestaqueResenha de Shows   »   Leprous contagia com energia e leva o público ao palco em show na Vip Station, em São Paulo




Texto por Thiago Rahal Mauro
Fotos: Rogério Talarico (@rogeriotalarico)

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Foto: Rogério Talarico (@rogeriotalarico)

Na noite de 13 de março de 2025, finalmente tive a oportunidade de assistir ao Leprous ao vivo. A banda norueguesa de metal progressivo, que conheci nos tempos de “Bilateral” (2011) e “Coal” (2013), desembarcou no Brasil para três apresentações, sendo uma delas na Vip Station, em São Paulo. Eu já sabia que o show seria técnico e envolvente, mas nada me preparou para a intensidade e a conexão que senti naquela noite. O som do Leprous é progressivo, mas sem exageros técnicos excessivos. O que prevalece é a energia. Muitas das suas músicas são centradas na melodia vocal, criando atmosferas distintas e hipnotizantes.

Pontualmente às 20h35, o setlist começou com “Silently Walking Alone”, do mais recente álbum “Melodies of Atonement” (2024). A escolha da abertura foi certeira, pois criou de imediato uma atmosfera envolvente. O público estava vidrado, e eu senti um arrepio quando Einar Solberg soltou a primeira nota. Sua voz tem um alcance impressionante, e, ao vivo, a emoção que ele transmite é ainda mais palpável.

Quando “The Price”, de “The Congregation” (2015), começou, a energia da plateia se multiplicou. O riff marcante e a dinâmica da música fizeram com que todos pulassem e cantassem juntos. O entrosamento da banda era visível, e Baard Kolstad, na bateria, roubou a cena com sua precisão absurda. Aliás, foi impossível não ficar hipnotizado pelo seu estilo único de tocar.

O show seguiu com “Illuminate”, de “Malina” (2017), trazendo um momento mais introspectivo. A mistura de melodia e climas densos me transportou para outro mundo. Fiquei ali, completamente entregue, absorvendo cada nota dos teclados de Einar e cada textura criada pelas guitarras de Tor Oddmund Suhrke e Robin Ognedal.

O novo álbum teve grande destaque na noite, e “I Hear the Sirens” e “Like a Sunken Ship” mostraram o quanto a sonoridade do Leprous continua evoluindo. As músicas carregam uma ambiência ainda mais sombria, quase cinematográfica. Fechei os olhos e apenas senti as camadas sonoras tomando conta do ambiente. Foi um daqueles momentos em que você percebe que está vivendo algo especial.

A interação com o público também foi um ponto alto. Em determinado momento, tivemos a chance de escolher entre “Passing” e “Forced Entry” – e “Passing” venceu. Einar brincou com o público, relembrando a história da banda e questionando quem realmente os acompanhava desde os primeiros dias.

“É um prazer estar aqui. Esta é, como mencionei, a terceira vez. Então quero testar vocês. Tem algum fã das antigas aqui hoje à noite? O que vocês querem dizer com ‘das antigas’? Como foi que nos descobriram? Pelo primeiro álbum? Muita gente diz isso, mas nós sabemos a verdade. Sabemos que não vendemos um único álbum no início. Especialmente aqui no Brasil. Ah, isso não é tão antigo assim. É tipo 2017 ou algo assim. 2018. Isso é como 17 anos no escuro, na verdade.”

“De qualquer forma, tem algum fã realmente das antigas aqui, que nos acompanha desde 2001? Agora isso é mentira, e vocês sabem. Nós só tocamos em shows locais o tempo todo. Ficamos na nossa cidade natal por uns oito anos antes de tocar fora, então ninguém, exceto pelo primeiro álbum…”

“Enfim, vocês podem escolher uma música de ‘Bilateral’ ou… Basicamente é a mesma coisa, mas normalmente mudamos todo dia, então vamos ver.”

A plateia reagiu com empolgação às provocações de Einar, tornando o momento ainda mais divertido e interativo. Era evidente que a banda estava confortável e aproveitando a conexão única com os fãs brasileiros. Esse tipo de troca torna cada show especial, criando uma atmosfera de proximidade entre artistas e público.

“Faceless” foi outro grande momento da noite. Antes de tocá-la, Einar compartilhou uma história curiosa sobre a gravação de “Melodies of Atonement”. A banda havia convidado fãs do mundo todo para cantar no álbum e recebeu cerca de 500 mil inscrições durante a turnê europeia. A ideia parecia ótima no início, mas ouvir todas as gravações foi um trabalho muito maior do que imaginavam. No final, 170 vozes foram selecionadas para compor um gigantesco coral, tornando “Faceless” uma faixa especial. Essa magia também se repetiu no show: no final da música, os fãs entraram cantando o refrão junto com a banda, criando um momento inesquecível.

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Foto: Rogério Talarico (@rogeriotalarico)

A reta final foi simplesmente arrebatadora. “From the Flame” e “Slave” levantaram a casa, com a plateia cantando cada verso com uma energia contagiante. A intensidade foi crescendo até o clímax da noite, e o encerramento com “The Sky Is Red” foi avassalador. A banda estendeu a faixa, criando um final épico que parecia nunca querer terminar – e, sinceramente, eu não queria que terminasse mesmo.

Enquanto os últimos acordes ecoavam e a banda se despedia, fiquei parado por um momento, absorvendo tudo o que tinha acabado de acontecer. A experiência de ver o Leprous ao vivo superou todas as minhas expectativas. Era visível que os músicos estavam entregando o máximo, e isso transpareceu na conexão que criaram com o público.

Para mim, que já acompanhava a banda há anos, essa noite foi muito mais do que apenas um show: foi uma celebração da música que me acompanha há tanto tempo. Saí da Vip Station com a certeza de que tinha vivido um grande show e com uma admiração ainda maior pelo Leprous.

Setlist:
Silently Walking Alone
The Price
Illuminate
I Hear the Sirens
Like a Sunken Ship
Passing
Distant Bells
Nighttime Disguise
Unfree My Soul
Below
Faceless
Castaway Angels
From the Flame
Slave
Bis:
Atonement
The Sky Is Red

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