RESENHA: TIKTAALIKA – Gods of Pangaea (2025)
15/05/2025 // Home  »  DestaqueNotíciasResenha de Discos   »   RESENHA: TIKTAALIKA – Gods of Pangaea (2025)




Texto: Thiago Rahal Mauro
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Gravadora: Voice Music/Inside Out

Tiktaalika Godsofpangaea Album

Confesso que sempre fico com um pé atrás quando um integrante de uma banda consagrada resolve lançar um disco solo. Não é raro o resultado soar como sobras requentadas ou experimentações que não caberiam na proposta original do grupo. Mas “Gods of Pangaea”, primeiro trabalho do Tiktaalika — projeto solo de Charlie Griffiths, guitarrista do Haken — me deu uma verdadeira rasteira. O disco não só supera expectativas como reafirma a genialidade de um músico que, aqui, parece ter se libertado de qualquer amarra conceitual.

Desde os primeiros segundos de “Tyrannicide”, já senti que essa seria uma daquelas audições que te prendem até o fim. O riff inicial já vem como um soco, daqueles que arrancam um sorriso de quem ama guitarra pesada com personalidade. E o vocal de Daniël de Jongh traz uma versatilidade absurda, alternando entre agressividade e melodia com naturalidade. A estrutura da música me lembrou aqueles dias de adolescente trancado no quarto, tentando acompanhar solos com a guitarra no colo — e falhando miseravelmente, claro.

O que mais me impressiona é como Griffiths entende o riff como motor da música. Tudo aqui é orientado pela guitarra — como se cada nota tivesse um papel dramático no enredo da faixa. Em “The Forbidden Zone”, por exemplo, a tensão criada com os vocais de Vladimir Lalić me fez lembrar do clima sombrio de um filme de ficção científica dos anos 80. Não é só técnica — é atmosfera, é intenção, é narrativa sonora em sua forma mais pura. O uso sutil de vocais guturais funciona como tempero, não como muleta.

“Mesozoic Mantras” mostra outro lado do projeto: introspectivo e sombrio. Me peguei ouvindo de olhos fechados, viajando entre camadas de guitarra limpas e vocais melancólicos. Charlie parece saber exatamente quando recuar, quando deixar o silêncio respirar antes de vir com tudo de novo. Em tempos de álbuns que soam como playlists desconexas, é revigorante ouvir uma obra com começo, meio e fim tão bem desenhados.

Uma das minhas favoritas é “Fault Lines”, com Rody Walker nos vocais. O solo de Griffiths nesta faixa é daqueles que dá vontade de voltar só pra ouvir de novo. É aquela combinação rara de feeling e virtuosismo que nem sempre anda junta, mas quando aparece, é mágica.

“Give Up the Ghost” e “Lost Continent” fecham o disco com chave de ouro. A primeira tem um refrão que gruda na cabeça, daqueles que você canta sem perceber. Já a segunda é uma verdadeira jornada épica. São nove minutos de tudo que há de melhor no metal melódico: riffs inspirados, bateria avassaladora, vocais que passeiam entre a fúria e a sensibilidade. Tommy Rogers brilha e Griffiths entrega alguns dos melhores momentos de sua carreira. O final me fez querer aplaudir — mesmo sozinho na sala.

“Gods of Pangaea” é mais que um álbum solo. É Charlie Griffiths dizendo: “eu amo metal, e aqui está minha carta de amor ao gênero”. Não espere algo parecido com Haken — isso aqui é outra praia, mais suja, mais direta, mais feroz. E justamente por isso, mais pessoal. Um disco que honra o passado sem soar preso nele, e que merece estar entre os grandes lançamentos do metal moderno.

Tracklist:
1.Tyrannicide feat. Daniël de Jongh
2.Gods of Pangaea feat. Daniël de Jongh
3.The Forbidden Zone feat. Vladimir Lalić
4.Mesozoic Mantras feat. Vladimir Lalić
5.Fault Lines feat. Rody Walker
6.Give Up The Ghost feat. Daniël de Jongh
7.Lost Continent feat. Tommy Rogers
8.Chicxulub 7:31 (Bonus Track)

Line-Up:
Charlie Griffiths – guitarras
Connor Green – baixo
Darby Todd – bateria

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