Texto: Thiago Rahal Mauro
Crédito das fotos: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Judas Priest – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts
No dia 20 de abril de 2025, tive a oportunidade de presenciar uma noite verdadeiramente marcante no Vibra São Paulo. O evento reuniu duas referências absolutas do heavy metal mundial: Queensrÿche e Judas Priest. Com um público vibrante, o ambiente foi tomado por uma atmosfera de respeito, nostalgia e celebração. A casa de shows, conhecida pela sua estrutura, proporcionou condições perfeitas para um espetáculo de altíssimo nível técnico.
A expectativa era grande, especialmente porque ambos os grupos vinham de apresentações no Monsters of Rock, e havia muita curiosidade sobre o que trariam de diferente para esse show solo. A resposta veio em forma de repertórios bem escolhidos, sonoridade cristalina e execuções absolutamente impecáveis. A acústica do Vibra São Paulo cumpriu seu papel com excelência: cada instrumento soava com clareza, cada detalhe das vozes e solos era perceptível. Era como ouvir um álbum ao vivo, mas com a energia crua e arrebatadora que só o palco proporciona.
O público, formado por fãs antigos e novos entusiastas do metal, mostrou-se participativo e respeitoso do início ao fim. A experiência de ver duas bandas históricas dividindo a mesma noite foi mais do que um show – foi um verdadeiro tributo ao legado de décadas de música pesada, executado por músicos que continuam a demonstrar paixão e excelência no que fazem.
Queensrÿche: técnica refinada e entrega total
A abertura ficou por conta do Queensrÿche, que fez uma apresentação precisa e inspirada. Liderados por Todd La Torre, que impressionou com uma performance vocal poderosa e extremamente fiel às versões de estúdio, a banda mostrou por que é uma das formações mais respeitadas do metal progressivo. Com domínio técnico e presença de palco, La Torre cativou o público com carisma e respeito, destacando o quão especial era estar de volta ao Brasil.
Michael Wilton (guitarra) e Eddie Jackson (baixo), membros fundadores da banda, demonstraram uma química invejável no palco, com riffs precisos e linhas de baixo encorpadas. Ao lado deles, Mike Stone, guitarrista já conhecido dos fãs, contribuiu com solos inspirados e presença sólida. A performance instrumental foi coesa e dinâmica, mantendo o interesse do público durante todo o set.
O repertório equilibrou clássicos e surpresas, com destaque para “Queen of the Reich”, “Operation: Mindcrime” e a sempre aguardada “Eyes of a Stranger”. Entre os momentos especiais da noite estiveram as execuções de “Breaking the Silence” e “The Lady Wore Black”, músicas que não haviam sido tocadas no Monsters of Rock e agradaram particularmente aos fãs mais antigos.
Durante a apresentação, Todd La Torre fez questão de se comunicar com o público. Em um momento de empolgação genuína, disse:
“Ah, pessoal, é tão bom estar aqui. Já se passaram 13 longos anos desde a última vez que o Queensrÿche esteve aqui em São Paulo, e estamos realmente, realmente animados. Esperamos que vocês estejam se divertindo muito esta noite. Obviamente, daqui a pouco vem aí os poderosos Judas Priest. Ok, pessoal, nós também vamos ficar por aqui para assistir ao show deles.
Será que dá pra deixar as luzes da casa acesas rapidinho? Quem aqui nunca viu um show do Queensrÿche antes? Levanta a mão aí… você já viu o Queensrÿche? Caramba! Isso é muita coisa acontecendo!
Bom, escutem… pra quem está vendo o nosso show pela primeira vez, esperamos que estejam curtindo, muito obrigado por nos dar essa chance, e valeu demais por terem chegado mais cedo para ver a nossa apresentação. E pra todo mundo que já nos acompanha, muito obrigado pelo apoio contínuo. Muito obrigado pelo apoio contínuo. Muito obrigado pelo apoio contínuo. Valeu demais por estarem aqui com a gente.”
No trecho final do show do Queensrÿche, a banda entregou uma sequência de faixas que reforçaram ainda mais sua identidade única dentro do heavy metal. “The Needle Lies” trouxe uma explosão de energia, com sua estrutura rápida e agressiva, destacando a habilidade da banda em equilibrar peso e melodia com maestria. Na sequência, “Take Hold of the Flame” proporcionou um dos momentos mais emocionantes da noite, com Todd La Torre conduzindo os vocais com intensidade e paixão, resgatando o espírito épico da canção. “Empire”, um dos maiores sucessos comerciais do grupo, trouxe ao público uma atmosfera quase hipnótica, com seu refrão marcante e crítica social ainda relevante. Já “Screaming in Digital” mostrou o lado mais experimental e ousado da banda, com arranjos eletrônicos, mudanças de andamento e uma execução impecável, reafirmando a capacidade do Queensrÿche de inovar dentro do gênero sem perder sua essência.
Encerrando o show com “Eyes of a Stranger”, o Queensrÿche saiu do palco ovacionado. Foi uma apresentação digna da sua história, e que certamente deixou uma impressão forte em todos os presentes.
Queensrÿche – Setlist
Queen of the Reich
Operation: Mindcrime
Walk in the Shadows
Breaking the Silence
I Don’t Believe in Love
Warning
The Lady Wore Black
The Needle Lies
Take Hold of the Flame
Empire
Screaming in Digital
Eyes of a Stranger

Queensrÿche – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Queensrÿche – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Queensrÿche – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Queensrÿche – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Queensrÿche – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Queensrÿche – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Queensrÿche – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Queensrÿche – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Queensrÿche – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Queensrÿche – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts
Judas Priest: uma instituição do metal em sua melhor forma
Na sequência, foi a vez do Judas Priest assumir o palco com toda a imponência que lhes é característica. A introdução com “Panic Attack” foi explosiva, mostrando que a banda continua atual mesmo com mais de cinco décadas de carreira. Rob Halford, carismático como sempre, entregou uma performance vocal impressionante, alternando entre agudos potentes e momentos de intensidade emocional com naturalidade.
O repertório passeou por várias fases da banda, incluindo clássicos absolutos como “Breaking the Law”, “Turbo Lover” e “Victim of Changes”. Nesta última, houve um momento especialmente emocionante: uma homenagem ao lendário guitarrista Glenn Tipton, cuja contribuição ao som da banda foi essencial ao longo dos anos. Mesmo afastado das turnês devido ao Parkinson, seu legado é sempre lembrado com reverência.
Entre os destaques do repertório do Judas Priest que ainda não haviam sido mencionados, “You’ve Got Another Thing Comin’” foi uma das primeiras a incendiar o público, com seu groove contagiante e refrão poderoso que fez todos cantarem em uníssono. “Rapid Fire” manteve o ritmo acelerado, representando com fidelidade a fase mais agressiva da banda no início dos anos 80. “Crown of Horns”, do álbum mais recente Invincible Shield, foi bem recebida e mostrou como o grupo continua criativo e relevante. “Sinner”, por sua vez, resgatou a atmosfera mística e sombria dos anos 70, com sua construção lenta e pesada. Já “Saints in Hell” surpreendeu por ser um tema menos frequente nos setlists e que não havia sido executada no show do Monsters of Rock, mas executado com muita força e precisão.
A dupla de guitarristas formada por Richie Faulkner e Andy Sneap mostrou-se extremamente competente. Faulkner, com sua energia contagiante e solos cheios de feeling, é hoje uma peça indispensável na sonoridade da banda. Já Andy Sneap, também conhecido pelo seu trabalho como produtor, demonstrou técnica refinada e entrosamento absoluto com seus companheiros de palco. Juntos, entregaram riffs e harmonias precisas.
O show contou com momentos de pura celebração, como em “Riding on the Wind” e “Devil’s Child”, e outros de atmosfera mais sombria, como “Love Bites” e “Saints in Hell”. Em “Invincible Shield”, Halford apresentou a música listando todos os álbuns da banda (exceto os da fase com Tim “Ripper” Owens), numa verdadeira aula de história para os fãs presentes.
Na reta final, “The Green Manalishi (With the Two Prong Crown)” foi recebida com entusiasmo. Já “Painkiller” foi a catarse que muitos esperavam – agressiva, intensa e executada com precisão cirúrgica. No bis, Rob Halford voltou ao palco como manda a tradição: montado em sua moto para “Hell Bent for Leather”, num momento que arrancou aplausos de todo o Vibra São Paulo. O encerramento com “Electric Eye” e “Living After Midnight” selou a noite com chave de ouro. Com um repertório desses, o Judas Priest reafirmou que sua longevidade não é apenas questão de tempo, mas de consistência artística e respeito à própria história.
Judas Priest – Setlist
Panic Attack
You’ve Got Another Thing Comin’
Rapid Fire
Breaking the Law
Riding on the Wind
Love Bites
Devil’s Child
Saints in Hell
Crown of Horns
Sinner
Turbo Lover
Invincible Shield
Victim of Changes
The Green Manalishi (With the Two Prong Crown)
Painkiller
Bis:
The Hellion
Electric Eye
Hell Bent for Leather
Living After Midnight

Judas Priest – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Judas Priest – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Judas Priest – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Judas Priest – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Judas Priest – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Judas Priest – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Judas Priest – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Judas Priest – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Judas Priest – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Judas Priest – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts

Judas Priest – Crédito foto: Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts
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