Dream Theater – Parasomnia
Inside Out Music/Valhall Music
Resenha por Thiago Rahal Mauro
O Dream Theater está de volta com “Parasomnia”, seu 16º disco de estúdio, e a sensação ao ouvir esse álbum é de um verdadeiro recomeço. Mike Portnoy finalmente retornou à banda, depois de 15 anos, e trouxe de volta um Dream Theater mais pesado, orgânico e com aquela pegada metal que tanto marcou sua era clássica. Se a intenção era explorar temas sombrios e dar uma atmosfera intensa ao álbum, eles acertaram em cheio.
A produção de “Parasomnia” soa mais natural e crua, algo que combina perfeitamente com o peso das composições. Nada aqui parece exageradamente polido ou artificial – é um disco que respira e tem dinâmica, algo que, convenhamos, nem sempre foi o forte da banda nos últimos anos. Cada instrumento está no seu devido lugar, e o resultado final é poderoso e envolvente.
A química entre Mike Portnoy (bateria), John Petrucci (guitarra), James LaBrie (vocal), Jordan Rudess (teclados) e John Myung (baixo) é absurda. Dá para sentir que a volta de Portnoy reacendeu uma chama dentro do Dream Theater. O disco é progressivo até o osso, mas, acima de tudo, ele tem peso e urgência, como se a banda tivesse algo a provar – e eles provam.
O álbum começa com “In the Arms of Morpheus”, um instrumental que traz tudo que o Dream Theater faz de melhor: mudanças de andamento, solos insanos e momentos épicos. O começo é uma construção melódica carregada de tensão, logo se transforma em algo grandioso e pesado, deixando claro o tom do álbum.
O primeiro single, “Night Terror”, é sombria e viciante. O refrão é daqueles que grudam na cabeça e mostram o quanto James LaBrie ainda tem muito a entregar. A faixa também surpreende com mudanças inesperadas de tempo e uma energia absurda.
Em “A Broken Man”, a introdução traz uma vibe que lembra o Opeth, com um clima melancólico que logo se desdobra em riffs pesados e intensos. O solo de Petrucci aqui é de arrepiar, combinando técnica e feeling de uma forma brilhante.
Se você curte os épicos do Dream Theater, “Dead Asleep” vai te conquistar. Com 11 minutos de duração, a faixa começa com violões e violinos, criando uma introdução cinematográfica antes de mergulhar em riffs avassaladores. O peso de Petrucci, o groove de Myung e os teclados de Rudess se entrelaçam perfeitamente, criando um dos momentos mais impactantes do disco.
“Midnight Messiah” traz uma pegada mais direta, com uma melodia forte e várias referências aos álbuns da era Portnoy. O mais legal? A letra foi escrita pelo próprio baterista, trazendo uma conexão emocional extra para os fãs de longa data.
Depois do breve interlúdio “Are We Dreaming”, temos “Bend the Clock”, uma música que poderia ter saído da fase “Falling Into Infinity”. O começo lembra um pouco “Hollow Years”, e o refrão tem tudo para conquistar os fãs da fase mais melódica da banda.
E, claro, todo grande álbum do Dream Theater precisa de um épico final, e aqui isso fica por conta de “The Shadow Man Incident”. Com mais de 19 minutos de duração, essa música te prende do início ao fim, com mudanças climáticas e instrumentais de outro mundo. Sem dúvidas, essa é uma das melhores composições da banda nos últimos anos, talvez a mais grandiosa desde “Illumination Theory”.
“Parasomnia” é tudo o que os fãs do Dream Theater poderiam querer e mais um pouco. A volta de Portnoy trouxe peso, energia e um senso de urgência que faltava nos últimos trabalhos. O álbum é técnico, complexo e repleto de momentos épicos, mas nunca soa como um exercício de virtuosismo vazio – a música sempre vem em primeiro lugar.
Se você é fã de prog metal, esse álbum vai te surpreender. Se você sentia falta da energia da era Portnoy, pode comemorar: o Dream Theater voltou com tudo.
Tracklist:
01 – In the Arms of Morpheus” (instrumental) 5:22
02 – Night Terror 9:55
03 – A Broken Man 8:30
04 – Dead Asleep 11:06
05 – Midnight Messiah 7:58
06 – Are We Dreaming? (interlude) 1:28
07 – Bend the Clock 7:24
08 – The Shadow Man Incident 19:32
Ouça “Parasomnia”: