
Jerry Cantrell
Em uma nova entrevista à American Musical Supply, o guitarrista, vocalista do Alice In Chains e renomado artista solo Jerry Cantrell falou sobre a evolução de seu estilo vocal. Questionado sobre como começou a contribuir com os vocais principais na banda, já que inicialmente focava mais na composição e na guitarra, Cantrell respondeu (conforme transcrição do Blabbermouth.net):
“Bem, foi assim que comecei. Quero dizer, estando ao lado do [falecido vocalista do Alice In Chains] Layne Staley, [pensei] que realmente não precisava cantar tanto. Aquele cara era incrível. Então, eu estava muito feliz apenas compondo e entrando com alguns backing vocals de vez em quando. Mas ele me encorajou logo no início, dizendo: ‘Você escreve muitas dessas músicas. E eu amo isso. Não me entenda mal, porque eu amo e amo cantar essas músicas. Mas muitas delas são muito pessoais para você. Então, você deveria cantar algumas.’ E eu falei: ‘Eu não quero fazer isso. Vamos lá, você manda bem.’ E ele disse: ‘Não, não. Sério, você deveria cantar algumas.’ Então, eu comecei. Fiz algumas coisas no EP acústico ‘Sap’ — acho que foi a primeira vez que fiz um vocal principal. E, a partir daí, fui construindo e fazendo mais e mais. Quando Layne faleceu, claro, recebemos o William [DuVall, atual vocalista do Alice In Chains] na banda. E aquele modelo de dois vocalistas principais precisava ser mantido, pois é algo característico do Alice — foi algo que Layne e eu criamos com Sean [Kinney, bateria] e Mike [Inez, baixo]. Mas eu precisei assumir um papel muito maior.”
Cantrell comparou sua experiência com a de outros grandes vocalistas do grunge, que também começaram em outros papéis antes de assumir os vocais principais. “Sou como muitos caras — como Layne, por exemplo, ou [Chris] Cornell, do Soundgarden. Tem um monte de caras que não começaram querendo ser cantores. Ambos começaram como bateristas. Mas como ninguém mais sabia cantar, eles pensaram: ‘Ok, tudo bem, eu serei o cantor.’ Eles não começaram querendo ser vocalistas. Eu também não queria ser cantor, mas, por necessidade, acabou acontecendo. E gosto de pensar que melhorei nisso e me sinto mais confiante a cada disco solo. Este novo [2024, ‘I Want Blood’], em particular, acho que me levou a um território que nunca tinha explorado antes — mais potência, mais controle, um pouco mais de alcance, um pouco mais de agressividade. ‘I Want Blood’ é um disco muito exigente vocalmente. E isso é satisfatório, porque ainda estou me desafiando, ainda estou me colocando em um lugar desconfortável, onde não sei se conseguirei fazer algo. E é exatamente onde você quer estar ao criar. ‘Não sei se posso fazer isso.’ Quando você pensa assim, coisas boas acontecem.”
“I Want Blood” foi lançado em outubro de 2024. O álbum, co-produzido por Cantrell e Joe Barresi (Tool, Queens Of The Stone Age, Melvins), foi gravado no JHOC Studio de Barresi em Pasadena, Califórnia. O disco conta com colaborações de grandes nomes como os baixistas Duff McKagan (Guns N’ Roses) e Robert Trujillo (Metallica), os bateristas Gil Sharone (Team Sleep, Stolen Babies) e Mike Bordin (Faith No More), além dos backing vocals de Lola Colette e Greg Puciato (Better Lovers, ex-The Dillinger Escape Plan).
Antes do lançamento do álbum, Cantrell foi destaque na capa da Revolver, participou de uma conversa sobre sua carreira com Rick Beato e recebeu elogios generalizados pelo som mais pesado do disco. A Metal Hammer descreveu I Want Blood como tendo um “som icônico, guitarras carregadas e vocais intensos”.
Recentemente, I Want Blood foi reimaginado como uma série de histórias narradas, com animações em vídeo criadas por Boy Tillekens. Outros colaboradores do projeto incluem Barresi, Greg Puciato, Roy Mayorga (Ministry), Gil Sharone, Rani Sharone (Stolen Babies), George Adrian (The Maybirds), o compositor Vincent Jones e o produtor Michael Rozon.
A primeira turnê solo de Cantrell promovendo I Want Blood começou em 31 de janeiro, em Niagara Falls, com a banda Filter abrindo todos os shows.
O álbum anterior de Cantrell, Brighten, foi lançado em outubro de 2021. Esse foi seu primeiro trabalho solo em 19 anos, sem o Alice In Chains. Além de sua carreira com a banda, Cantrell lançou outros dois álbuns solo e contribuiu com trilhas sonoras de filmes importantes. Seu primeiro disco solo, Boggy Depot, foi lançado em 1998, seguido por Degradation Trip. Ele também gravou músicas para trilhas sonoras de filmes como Homem-Aranha, O Pentelho, John Wick 2, O Último Grande Herói e O Justiceiro.
O Alice In Chains se reuniu em 2006, com William DuVall assumindo os vocais, e lançou seu terceiro álbum com essa formação, Rainier Fog, em agosto de 2018.