Ian Anderson, do Jehtro Tull, diz que alguns públicos podem ser “incrivelmente grosseiros” e critica uso de celulares em shows
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Ian Anderson

“Posso citar o Brasil, por exemplo, onde o público acha normal assobiar, gritar, vaiar e pedir músicas que querem ouvir. Para mim, isso é incrivelmente grosseiro, e eu realmente não gosto. Isso não acontece em todos os shows que fiz no Brasil, mas passei por isso algumas vezes no ano passado, quando estive em turnê no país”, disse o líder do Jehtro Tull.

Em uma nova entrevista com Barry Robinson, do Classic Album Review, transcrito pelo BLABBERMOUTH.NET, o líder do JETHRO TULL, Ian Anderson, falou sobre a inspiração lírica da música “Puppet And The Puppet Master”, do próximo álbum da banda, “Curious Ruminant”, que será lançado em 7 de março de 2025.

“Quero me sentir livre de qualquer obrigação de atender às vontades e exigências de outras pessoas. E, aliás, quanto mais exigente for o público, menos eu gosto, porque às vezes encontramos plateias voláteis devido a tendências culturais de determinados lugares. Posso citar o Brasil, por exemplo, onde o público acha normal assobiar, gritar, vaiar e pedir músicas que querem ouvir. Para mim, isso é incrivelmente grosseiro, e eu realmente não gosto. Isso não acontece em todos os shows que fiz no Brasil, mas passei por isso algumas vezes no ano passado, quando estive em turnê no país. E é assim que as coisas são. Existem outros estereótipos nacionais em que as pessoas se comportam desse jeito. Nos Estados Unidos, por exemplo, às vezes o público acha que pode gritar e assobiar, mas isso não é certo. Estou tentando me concentrar para tocar músicas que, muitas vezes, são bastante difíceis, e não gosto de ser interrompido. Preciso da liberdade para fazer isso. Se o público tenta me manipular ou influenciar minha forma de tocar, isso não é bom. Para mim, basta ver sorrisos e ouvir aplausos no momento certo, no final de uma música. Isso significa tudo para mim. Não quero ser interrompido enquanto estou me apresentando.”

Ele esclareceu:

“Não estou reclamando. As coisas são como são. Se você é um músico ao vivo — assim como um primeiro-ministro durante uma sessão de perguntas no parlamento — tem que aceitar que haverá mau comportamento e exigências manipulativas. Faz parte do jogo, e temos que lidar com isso. Mas, às vezes, como neste caso, isso se torna tema de uma música, de forma um pouco irônica, e certamente não se aplica apenas a mim. Pode acontecer com um bailarino, um cantor de ópera ou um ator no meio de uma peça de Shakespeare. Acontece com todos nós. Somos controladores, mas, de uma forma curiosa, também somos controlados. E, talvez de um jeito meio masoquista, alguns de nós gostem disso — de trabalhar dentro das expectativas do público e querer satisfazê-las. Em grandes produções mais populares, por exemplo, pode ser frustrante quando o público não está pulando, balançando os braços ou tirando selfies. Os artistas podem sentir que estão sendo ignorados ou que o público não está respondendo. Mas, desde 1969, quando comecei a tocar em teatros no Reino Unido, tenho uma abordagem diferente. Gosto de silêncio respeitoso até o final de uma música. Só então é hora de aplaudir. Algumas pessoas podem achar isso difícil de entender ou não gostar dessa minha postura, mas é assim que sempre fui. E, nas raras ocasiões em que vou a um show, não vou assobiar, gritar ou exigir músicas. Nem vaiar. Qual o sentido disso? Se for para fazer isso, mais vale sair do local e ir para o bar mais cedo.”

Quando Robinson comentou que muitos dos seus shows recentes foram “completamente arruinados pelo mar de iPhones que se levantam assim que o show começa”, Anderson respondeu:

“A primeira vez que vi isso, me veio à mente um anfiteatro de concreto no meio da floresta, na antiga Alemanha Oriental, que foi construído para comícios nazistas. E pensei que devia ser algo parecido. De repente, um mar de braços se levanta no ar, e percebo que todos têm telefones nas mãos. Mas, há alguns anos, passamos a fazer anúncios educados pedindo que as pessoas evitassem o uso de câmeras e iPhones até o encore, e consigo uma taxa de aceitação de cerca de 95%, o que me deixa grato. Às vezes, chega a 100%. No Brasil, foi cerca de 50%. Mesmo traduzindo o pedido para outros idiomas e adotando um tom mais leve e não ameaçador, a maioria colabora. Costuma até arrancar aplausos quando minha voz anuncia isso, porque muita gente sente o mesmo. Eles não pagaram um bom dinheiro para assistir ao show e ter que encarar a tela do telefone da pessoa à frente. Uma vez, fui a um show e saí mais cedo. Depois da quarta música, percebi que não conseguia suportar o que estava vendo. Foi constrangedor, porque tinha ganhado os ingressos do próprio artista, mas simplesmente não conseguia ficar ali, assistindo a figuras minúsculas em uma tela sem enxergar o palco por causa dos braços levantados. Sim, acho isso particularmente irritante.”

Assista a entrevista completa:

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