Texto e entrevista por Thiago Rahal Mauro
Da esq. para dir.: Indira Castillo, Juliana Salgado, Rafaela Reoli e Bruna Tsuruda
Formada por Indira Castillo (vocal), Bruna Tsuruda (guitarra), Juliana Salgado (bateria) e Rafaela Reoli (baixo), a Malvada tem se destacado no cenário do rock nacional com sua energia contagiante e identidade marcante. Com um som poderoso e letras que ressoam com seu público, a banda rapidamente conquistou espaço e se firmou como um dos principais nomes do rock brasileiro. Agora, em uma nova fase, a Malvada aposta na transição para o inglês em suas composições, ampliando seu alcance e explorando novas possibilidades musicais.
Nesta entrevista, conversamos com a vocalista Indira sobre o processo de composição do novo álbum, os desafios e motivações por trás da mudança de idioma e a busca por uma sonoridade ainda mais autêntica. Além disso, ela compartilha a experiência de trabalhar com a gravadora Frontiers, o impacto emocional das novas faixas e o que os fãs podem esperar dos próximos passos da banda.
A transição para o inglês representa um marco na trajetória da Malvada, refletindo o desejo de expandir seu público sem perder a essência que a tornou única. Para Indira e suas companheiras de banda, essa mudança aconteceu de forma natural durante o processo criativo, permitindo que suas mensagens alcançassem um espectro ainda maior.
Além da nova abordagem linguística, o próximo álbum da Malvada traz uma sonoridade mais ousada e experimental, explorando diferentes texturas e emoções. Indira destaca o impacto das novas composições em sua interpretação vocal e o desejo de transmitir sentimentos genuínos ao público. Com um novo show sendo preparado e a promessa de uma experiência audiovisual ainda mais imersiva, a Malvada está pronta para deixar sua marca no cenário internacional do rock.
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CONFIRA A ENTREVISTA:
Onde o Rock Acontece: Indira, a transição para o inglês nas letras marca um ponto importante para a banda. Como foi para você adaptar sua escrita e suas emoções para esse novo idioma, mantendo a essência da Malvada?
Indira Castillo: Foi um processo muito natural que desenvolvemos juntas nas sessões de composição. Eu já gostava de compor em inglês e mais do que nunca vejo que a essência tomou uma identidade (sonora também em letra, falando da fonética do inglês) que condiz com os nossos objetivos como banda.
Onde o Rock Acontece: O que a levou a tomar a decisão de cantar em inglês, e como você acredita que isso impacta a conexão com o público brasileiro, já que a banda sempre teve uma forte identidade no país?
Indira Castillo: Cantar em inglês é também cantar para o mundo e se fazer compreendida a pessoas de fora da nossa cultura, então se for pra nomear uma razão maior, posso dizer que é a expansão do nosso próprio som. O que não anula e nem retira o português das nossas criações, como o nosso novo álbum está vindo aí pra mostrar.
Onde o Rock Acontece: O novo álbum está trazendo letras que exploram temas mais universais, mas há alguma canção que tenha um significado mais pessoal para você? Poderia contar a história por trás dessa música?
Indira Castillo: O álbum foi realmente para tratar e criar conexões com temas em comum com as pessoas, mas tem uma das faixas (Como se fosse hoje) onde eu sinto que consegui falar abertamente da saudade e sobre o luto que tive com meus pais. É uma música muito sincera e que descreve as coisas belas da lembrança e da memória da sua família.
Onde o Rock Acontece: Como foi para você lidar com a adaptação das músicas que eram originalmente compostas em português para o inglês? Alguma música passou por mudanças significativas nesse processo?
Indira Castillo: Compor de forma híbrida é sempre um desafio, principalmente se a gente pensa na forma que queremos ser entendidos, com certeza a música Fear foi uma delas, originalmente em português, mudamos palavras mantendo o mesmo sentido e criando uma referência ao português em certo momento da música, com o primeiro verso recitado na nossa língua.
Onde o Rock Acontece: Em algumas músicas do novo álbum, podemos perceber uma carga emocional muito forte na sua interpretação vocal. Quais sentimentos você quer que os ouvintes experimentem ao ouvir essas faixas?
Indira Castillo: Como as músicas estão aí para criar essa conexão, quis me expressar de forma onde o ouvinte consiga ver a minha expressão contando cada história, que vai desde compaixão, indignação, raiva, alívio, tristeza, paixão, entre tudo o que foi sentido por traz da gravação.
Onde o Rock Acontece: O que você sente que a sua entrada e da Rafaela trouxe para o processo criativo da banda? Houve uma evolução no seu jeito de escrever ou compor as letras para esse novo momento?
Indira Castillo: Trabalhar em conjunto é criar uma forma de pensamento multipotencial. Acho que fomos desafiadas do início ao fim desse processo, desenvolvendo nossa capacidade em criar de forma prática. Também sinto que nesse álbum falei sobre temas e assuntos novos, me permitindo me aprofundar mais (até pelo número de faixas) após ter trabalhado em EP’s e singles.
Onde o Rock Acontece: Como foi trabalhar no novo disco com a produção e os arranjos, especialmente considerando a possibilidade de ser mais internacional? Como a gravadora Frontiers influenciou esse processo?
Indira Castillo: Incrível! Todo o processo de gravação e desenvolvimento do álbum foi surpreendente, todas nós nos mantendo abertas a outras possibilidades sonoras e mudanças que por mais que parecessem arriscadas, se faziam necessárias nesse momento. A Frontiers fez parte desse direcionamento permitindo o nosso trabalho aqui.
Indira Castillo, vocalista da banda Malvada
Onde o Rock Acontece: A banda sempre teve uma postura muito autêntica, e em algumas faixas do novo álbum, a vibe parece mais experimental. Como você se sentiu explorando novas sonoridades e abordagens vocais?
Indira Castillo: Era exatamente o que queria. Sempre gostei de experimentar sonoramente, seja em outros estilos musicais e projetos que também componho até cada interpretação e uso de técnicas vocais em shows. Acho que nunca gosto de cantar sempre da mesma forma, seja usando um registro diferente, colocando um drive em outra frase.. E para mim a música é muito mais sobre ver novas possibilidades e criar sua própria estética sonora do que fazer parte de alguma já existente.
Onde o Rock Acontece: Com o crescimento da Malvada e a visibilidade internacional que o novo disco pode trazer, você sente que há uma pressão maior para manter a identidade da banda, ou isso foi uma motivação para explorar novos caminhos criativos?
Indira Castillo: Sinto que uma coisa não consegue andar sem a outra nesse momento. Explorar caminhos para criar cada vez mais identidade formada para quem escuta e assiste nossa banda. É o que estamos fazendo a cada lançamento.
Onde o Rock Acontece: Quais são as músicas que você mais se conecta emocionalmente nesse álbum e por que elas são tão especiais para você?
Indira Castillo: Pergunta difícil, cada música teve seu momento nas nossas vidas. Mas se fosse para nomear eu diria Como se fosse hoje (como citei na questão), Yesterday’s e Bulletproof por marcarem fases muito importantes da minha vida.
Onde o Rock Acontece: Durante o processo de gravação, houve algum momento em que você sentiu que finalmente a banda havia encontrado o som que buscava para esse novo álbum?
Indira Castillo: Com certeza, escutando as primeiras faixas já finalizadas entendemos como cada instrumento teria sua característica e nisso eu incluo a voz, desde a forma mais técnica até a interpretação, como um todo.
Onde o Rock Acontece: Além do lado emocional, sabemos que você tem uma presença de palco marcante. Como você está preparando sua performance para os shows do novo álbum? Haverá alguma novidade no palco para os fãs?
Indira Castillo: Obrigada! Novos elementos vão estar presentes no nosso show, de forma audiovisual mesmo, algo que estamos construindo a cada ensaio e encontro.
Onde o Rock Acontece: Sendo uma banda composta por mulheres, como vocês lidam com os desafios de um mercado musical ainda muito dominado por homens? A experiência de ser uma banda de mulheres traz algum tipo de responsabilidade ou motivação extra para vocês?
Indira Castillo: Absolutamente. E isso conversa com todos os fatores da nossa música. Desde o backstage e relações pessoais até a forma que queremos transmitir nossa música. As mulheres são nossas principais referências e de forma equivalente também queremos marcar e influenciar o rock nacional e internacional com novos sons, novas letras, questionamentos e visuais.
Onde o Rock Acontece: Viver na estrada tem suas dificuldades, e ser uma banda de mulheres pode gerar algumas dinâmicas diferentes. Como a convivência entre todas vocês evoluiu ao longo dos anos, especialmente nos períodos mais intensos de turnê? Como a união de vocês se reflete na música e nos shows?
Indira Castillo: Sim. Para além dos shows, fazer música é trazer sentimentos e emoções à flor da pele. É algo muito importante à nível de evolução pessoal e profissional. Com certeza nos unimos mais e estamos prontas para encarar desafios que podem aparecer nesse meio.